Não!
Pelo menos não pra mim, que após uma audiometria, descobri o que acontece quando uma pessoa mexe numa mesa de som sem ser capacitada para isso, um zumbido agudo e baixo de frequência contínua, que me acompanhará para o resto de minha vida.
Feliz é aquele que desfruta do silêncio, mas como hoje temos a orquestra da metrópole o tempo todo em ação, acredito que não há mais silêncio, a cidade grita, as almas gritam, mesmo que todos e um fluxo constante correndo lado a lado com pequenos flashs de um deserto, seja na mente, seja no coração.
O silêncio que eu aprecio e pelo simples fato da perda, talvez se não tivesse um ouvido danificado continuaria ignorando o silêncio.
Mas deixemos isso de lado, pois gostaria de fazer uma ode à música e como ela me resgata de mim mesmo, me tira para dançar num balé nas nuvens, fazendo me sentir enorme e pequeno ao simples fato de fechar os olhos e deixar as frequências me transpassarem.
Hoje tudo é reaproveitado quando não temos como renovar, usando disso ressignifiquei meu silêncio, trouxe até mim a paz em formato acolchoado que abraça meus ouvidos como travesseiros e me traz a sensação de um criança quando vai a primeira vez a um parque de diversões, todas as possibilidades a sua frente, uma felicidade genuína de que a diversão está ao seu alcance ou seus ouvidos.
A descoberta de sons novos que carregam toda a vida de alguém em sentimentos traduzidos em notas e acordes que me fazem conectar com alguém que jamais conhecerei mas que naqueles minutos nossas energias se conectam.
A paz, o silêncio que vem mesmo travestido de sons, o silêncio da alma.
Edvaldo Ferreira
Criador do Palavras Brutas, escritor amador de ocasião, sem formação acadêmica, em busca de entender o que sinto através da palavras, ou se não, em busca da jornada constante de autoconhecimento e afeto próprio. Fascinado com cinema e música.
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