05/02/2021
Ainda lembro dos lábios dela no meu pescoço
Século 21 e ainda tendo de ouvir que isso é loucura
Que quando eu compreender a realidade
Reverterei tudo
Precisando olhar do outro lado
Assumir que isso tudo é errado
Mas eu ainda sinto seus lábios
O afago que me fez descansar
E nunca mais sair
Agora se fala em psicanálise
Que tudo se remete ao Édipo
De um obsessor que nunca soube por onde caminhar
E a sociedade ainda proclama e continua a mergulhar
E a lembrança do toque a me acalmar
Justificativas em razão do medo
Do status
Da solidão
Sem ao menos lembrar daquilo que sonhava
Onde, quando criança, a maldade não reinava
E ainda sinto os lábios dela a me molhar
Amigos, colegas, que quando eu voltei, mudaram
Não se pode mais errar
Não se pode sorrir
Não se pode questionar
E o toque a me acalantar
Ter de ouvir que tudo é conspiração
Para acabar com
as formas
A heteronormatividade
A religião…
Covardes!!! (eu grito)
Me fizeram acreditar que eu não estava só
Na primeira oportunidade, voltam a me encaixar
Porque não se pode errar
Humanidade perdida, na perfeição a buscar
E o suor que se espalhava em nós
Incendiando todo o lugar
Alma de artista, tentando me libertar
Só assim
pra manter a sanidade
E no final
Chorar
Porque eu ainda sinto os lábios dela
Sinto falta de nos amar...
MARI GARCIA
Aspirante à artista, mineira e amante da música. Curte escutar todos os sons que o universo produz, tanto quanto passou a admirar o silêncio… Vivendo a viva calísticamente, na arte de entender e modificá-la como puder.
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