Diz-me: "Eis aí um furão"
tu que o o vê eu nunca o vi
Mas como ele também
eu recebi a vida pelo
ouvir e a dei aos dias
ao falar
É assim o poema
para os longos em
idade
Uma eterna castidade
que vence os dragões
de todo o inferno
Este poema foi baseado em uma leitura de bestiários medievais que fiz anos atrás, e parte da premissa de que certas coisas que eram plenamente entendíveis numa época se tornam obscuras em outras.
Para sua leitura é interessante saber que essas obras antigas traziam descrições de animais a partir de mitos e crendices populares, entre elas aquela dos que acreditavam que o furão acasalava pelo ouvido e dava cria pela boca. Imagina-se que o fato de dar cria pela boca seja uma interpretação do fato de ser raro observar um filhote de furão na natureza, salvo quando a mãe os move de lugar, carregando os filhotes como também faz um gato.
Sobre acasalar pelo ouvido, eu não sei a razão da descrição, mas fato que por isso ele foi relacionado na idade média como um símbolo da Virgem Maria, sendo essa analogia recitada em diversos sermões. Em posse dessas informações, torna-se simples ler todo o poema. Arrisco dizer que qualquer pessoas nos vilarejos da europa cristã do Sec XIII também entenderia as metáforas que eu usei. No entanto, com o giro da cultura, hoje em dia isso já não mais ocorre.
Rafael Assis
Escritor, poeta e resenhista. Criador do blog "Um de Tudo" como um arquivo, um portfólio, um local de posts difusos buscando ser uma mapa para as diversas produções que tomam forma quando encontra-se com o papel.
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