Sou palaiê ¹, a vender a vida,
Com filho nas costas,
Para dar o que comer.
Sou ossobô ², a trazer chuva
A voar no calor,
Sem casa para ser.
Sou suas tranças,
Emboladas nos sonhos,
Nas esperanças a crescer.
Sou mar, a oferecer vida,
Nas idas e vindas,
Pescar e sobreviver.
Sou rio a desfilar,
Negras a cantar
Risos ao descer.
Sou a cidade, cinza novidade,
Suor no rosto,
E leve-leve para viver.
Sou Brasil,
Descoberto por quem nunca viu,
Filho órfão a crescer.
Sou São Tomé,
A remar nessa intensa maré,
Com pés descalços e muito a dizer.
--
¹ Vendedora ambulante ou de mercado, de legumes e de peixe
² Ave santomense, cujo canto costuma anunciar chuva. Segundo moradores é uma ave sem casa, nem destino.
Caio Resende
Apenas
um
homem
cansado
à
procura
de
abrigo.
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