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Nadar em um oceano de concreto




Apenas um passo e meu corpo penderia para a frente, talvez as pessoas abaixo iriam notar que eu caía e abririam espaço com medo de se machucarem, e meu corpo continuaria caindo enquanto minha cabeça pensava que estava realizando o meu sonho de voar. Alguma criança chamaria a mãe distraída e diria que havia uma mulher voando, a mãe assustada tamparia o rosto do filho, e eu continuaria caindo, o que pareceria uma eternidade. Eu finalmente acertaria o chão e o barulho seria inesquecível, algo que nunca fui, a bagunça seria imensa, deixando marcas por todo o chão, algo que eu nunca consegui fazer, marcar pessoas. Eu daria uma última olhada para o céu e sentiria o impacto do meu corpo no concreto. Enquanto ainda haveria vida em mim, eu abriria um sorriso, que aterrorizaria a todos que viam a cena e não entendiam um sorriso em meio a todo o sangue e pedaços de meu corpo, mas eu sorriria porque estaria me lembrando de todas as vezes em que te mandei uma mensagem e que você respondeu de volta, me fazendo feliz e, então, eu morreria pensando no privilégio que era poder ter vivido ao seu lado.

 

Thamires Mussulini


Thamires Mussulini é graduada em letras e em Pedagogia. É apaixonada por literatura e pelos seus gatos. É autora dos livros: “Enquanto Elas Não Voltam”, Quintal Edições,''Cacofonia`` e ''Abrace-me Enquanto Ainda Estou Aqui', Editora Letramento.



 

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