Por que se dar ao trabalho? Ou melhor pra que?
Quando tudo te tira do eixo, e você capota numa rodovia sem fim, onde os ralados de asfalto quente se curam, e em questão de segundos estão de volta.
Pra que se dar ao trabalho de saber demais sobre alguma coisa?
Quando se vai tentar colocar pra fora, e nunca vai sair do mesmo jeito que você queria ou nem compensará minimamente o tempo que você estava aprendendo algo.
Pra que se dar ao trabalho das convicções?
Quando elas te fazem ser tão rígido que a solidão é eminente.
Por que se dar ao trabalho de ser você?
Quando tudo a sua a volta e tão genérico.
De que serve a autenticidade? Senão que para ficar exposta numa feira virtual, onde alguns segundos decidem se você e um produto “comprável”.
Por que ser você?
Pra que se dar ao trabalho?
Se suas páginas, hoje cinza, tiveram suas cores arrancadas.
Por que o clarão não me comove?
Os números não me comovem. Nada me comove.
Agora voltamos a pergunta, porquê se dar ao trabalho?
Para que a nossas vozes sejam ouvidas, nossas lágrimas não sejam em vão, nossas angústias tenham respostas, nossa alma seja instrumento de resistência. Para que sejamos resistência.
Porque ser você é...
Ser você!
Edvaldo Ferreira
Cocriador do Palavras Brutas, escritor amador de ocasião, sem formação acadêmica, em busca de entender o que sinto através da palavras, ou se não, em busca da jornada constante de autoconhecimento e afeto próprio. Fascinado com cinema e música, e não apoia o uso de tabaco!
Comments