Coluna Mundo Real #002
09/03/2021
Precisamos falar de reações. Nos tempos atuais nos deparamos com um ofensor e um ofendido. Tudo é problematizado de uma forma ou de outra. Há quem admite falhas e quem as enxerga e nega até o fim. A problematização do problema, nos leva a situações irreversíveis.
A piada do gordo, do magro, do pequeno, gay e todo o suposto fora dos padrões sociais está fora de moda. Mas ainda há aqueles indivíduos de mentes inconsequentes, ignorantes que insistem em desmerecer causas alheias. Volta e meia trata a situação como vitimismo. Uma postura cruel de tratar um mal alheio. Alguns ainda ousam falar do tal antigamente, “antigamente se brincava de tudo, não existia o bullying”. De fato o bullying não era tratado como um problema no passado e muitas pessoas tinha que aceitar apelidos depreciativos e humilhantes. Hoje o bullyng é discutido e ofende exatamente aqueles que tentam diminuir o alheio pelas características físicas, orientação sexual e até por religião.
Esse mal alheio muitas vezes, em quase todas, é tratado como “mimimi”. Um meio pífio e demente de desmerecer qualquer ativismo. Ativismo esse que é interpretado como busca de privilégios e regalias. Muitas pessoas em posições confortáveis, vulgas normais, taxam como absurdo a maneira em que o outro se reconhece. Temos como exemplo a identidade de gênero que confundida com orientação sexual associam diferentes modos e nomenclatura em uma única coisa ou a várias negativas. Infelizmente a promiscuidade e crime, que em muitos casos está longe de ser algo negativo como costuma rotular a religião e a sociedade que ainda se auto proclama conservadora, acima do bem e do mal.
Por incrível que pareça há quem não se enquadra ao problema e reconhece as consequências do racismo. Porém ao reconhecer tais males, cria outro tentando ocupar ou dividir o lugar de fala do oprimido. É o caso do racismo reverso, que nada mais é que uma forma de se vitimizar e criar uma mera “igualdade opressora” com o intuito neutralizar o mal secular.
Muitos lamentam e até mesmo se posicionam contra a opressão de etnias, mas criminalizam as lutas de quem sofre esse martírio há gerações. Os casos de Mariele Franco, George Floid, João Alberto são evidências do tema abordado. Pessoas pretas alimentando estatísticas de racismo, mortas por motivos muitas das vezes muito tolerável a brancos de mesmo suposto mau comportamento.
Com o desmerecimento de causas e crescimento dos números de mortes de pessoas Lgbtqi+ e pessoas de pele preta nascem os grandes movimentos ativistas, muitas vezes também de vandalismo que aos olhos dos “fora do meio”, mais uma vez que criminaliza minorias e blinda opressores. O que ninguém compreende que enquanto o estado não agir e protocolar ações protetivas e compensatórias dos males já vividos não haverá solução. Todo ativismo independente do propósito é fruto de um silenciamento contínuo e tratativas irrelevantes do problema. Esses oprimidos e oprimidas não suportam mais viverem nos bastidores do sucesso de várias áreas que podem e também devem ser ocupadas por eles.
Felipe Lacerda
Formado em Jornalismo pelo Centro Universitário Estácio. Cheio de sonhos e alegrias. Vivo entre o real e o lúdico. Tudo me inspira a refletir sobre a nossa realidade.
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