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Foto do escritorCaio Resende

Reaprendendo a dançar



Já não sei mais dançar.

Acordo como todos os dias, sedado pelo cotidiano.

Bobagens presidenciais já não me indignam mais.

Corro para as redes insociais.

Alguém até disse: A internet tirou a poesia das relações.

Mas o que fazer no momento histórico que conectamos o mundo e desconectamos a nós mesmos?

E comigo mesmo insisto, mantenho-me na superfície, artífice, inspiro e respiro, sobrevivo.

De tanta informação, me calo, nem danço.

A loucura não se caracteriza pela ausência de sentido, ao contrário, pelo seu excesso.

Mas não sei.

As palavras já não suportam sentidos.

Estamos diante de uma linguagem defasada e pueril, alicerce de outrora, porém distante da realidade atual.

Ninguém diz o que pensa, pois existe um espectro já mofado que nos diz como, ou não, pensar.

O ódio atual é a expressão burra da insatisfação da verdade que já não circula mais?

Não sei. Nem deveria saber. Apenas voltar a dançar.


 


Caio Resende





Apenas um homem cansado à procura de abrigo.

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