Coluna Mundo Real #001
Movimentos Sociais Fonte: Site Brasil Escola
22/02/2021
Mais uma vez estamos aqui falando de BBB. Será que esse programa de TV é a única atração da vez? Não exatamente, mas nele encontramos várias situações que se enquadram no nosso cotidiano. Situações essas que de certo modo podem nos acrescentar ou nos instruir a ponto de não cometermos certos atos.
Muito mais que levantar a bandeira do cancelamento precisamos também levantar a bandeira do discernimento. Discernimento é importante para compreendermos dentro de nós mesmos quem somos e a nossa função como ser humano para o nosso íntimo e para a nossa sociedade. Onde exageramos, onde faltamos, em que acreditamos? Afinal, a que ponto nos sentimos representados ou até mesmo geramos uma exclusão automática? Perguntas intrigantes, por isso são tão relevantes.
Karol Conká sempre foi uma referência de mulher inteligente, empoderada e militante de causas de causas raciais dentro de um país racista. Dentro de um reality show confinada com outros anônimos e famosos ela provou ser o inverso de tudo o que prega. Mas como? Começamos falando pela militância. Militância sempre foi um ato de resistência de oprimidos em diversas causas. Além de resistir toda opressão a militância também tem o dever de buscar causar no oposto a empatia e até mesmo instruí-lo. Com isso chegar num possível “acordo social”, nivelar os diferentes pontos de vistas e posições sociais. Concluindo um processo de igualdade ou até mesmo de equidade. Em hipótese alguma querer ser maior que nosso oponente. Pois assim seremos tão nocivos quanto ele. Karol Conká nos apresenta esse exemplo. Onde está a empatia ao fazer comparações de sotaques regionalistas atribuindo ao conceito de educação? Onde está a defesa de uma causa social com um intuito de colocar todos contra um único indivíduo a ponto de violentá-lo psicologicamente? Esses são apenas alguns exemplos. Conká precisará seriamente de ajuda psicológica para lidar com prejuízos financeiros e emocionais com o choque de realidade que a espera. Ficará de molho durante um tempo para se recolocar em si diante da construção do próprio cancelamento.
Mas ainda falando de Big Brother Brasil e discernimento, sobre mais o que. podemos refletir? Pois bem, sobre o respeito ao próximo e pensarmos, a realidade e a opressão dentro de um reality show está para quem quiser ver e assim como telespectadores decidimos com votos. Mas fora da TV e da internet ou até mesmo dentro das redes sociais a opressão é escancarada e não há quem tome notas de repúdio, votos para que isso seja contido. O racismo está no mercado de trabalho, nas instituições acadêmicas e dentro dos lares. Nesses locais não há câmeras e nas redes sociais a punição de crimes virtuais ainda é utópica. Onde pecamos como sociedade? O que extrairemos de todas essas mordaças coletivas com os supostamente distintos? Ora por diferentes tons de pele, regionalidade, gênero, orientação sexual e até mesmo por militâncias demagogas.
Vale ressaltar que tudo isso ainda tende a nos trazer mais prejuízos. Com a postura de psicólogas como a da participante Lumena que levanta pautas militantes como máscara para a postura fétida e inescrupulosa que possui no jogo, com Nego Di que defende pautas raciais e produz um discurso excludente e cria piadas de cunho ofensivo, sem contar no visionário tóxico e manipulador Projota, com canções que colocam todo indivíduo menos favorecido no topo da representatividade, enquanto ele, o próprio Projota é apenas um manipulador que tira vantagem em cima de muitos. Essa edição nos marcará muito, muito mais que a carreira dos participantes, dificultará a luta por condições dignas em nossa sociedade. Toda luta e discurso de justiça social em curto ou longo prazo será banalizada com a postura e caráter dos indivíduos mencionados.
Felipe Lacerda
Formado em Jornalismo pelo Centro Universitário Estácio. Cheio de sonhos e alegrias. Vivo entre o real e o lúdico. Tudo me inspira a refletir sobre a nossa realidade.
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