O que te vem à mente quando ouve a palavra Infância?
Aposto que coisas maravilhosas ou pelo menos essas que te arrancam um sorriso quando você vê um desenho antigo e lembra o quanto aquilo te fazia feliz, talvez ele não faça mais sentido hoje, por que memórias boas navegam na superfície do seu ser, mas aquelas que machucam se escondem e age pelas sombras te tornando talvez uma pessoa retraída e com certos limites que não consegue atravessar.
No meu caso, o medo de apanhar me assola!
Não consigo ter lembranças dessa época por motivos óbvios! Seu cérebro, por mais que te sabote ele não quer que você viva em dor, ainda mais coisas que se fundem em suas raízes neurológicas talvez até se tornando braços dentre essas raízes.
O que me deixou tão nostálgico nessa tarde de clima estranhamente quente e na fila para fazer uma limpeza nos dentes?
A memória em si nem é tão nostálgica, inclusive pode nem fazer sentido, a cena se discorre comigo tentando e fracassando em trocar uma resistência de chuveiro. Então eu que não tenho vergonha em não conseguir, pedi ajuda a um tio que estimo muito, talvez não tenha sido dos mais vocais, mas com certeza é o que está lá, muitas das oportunidades sem saber o que falar, mas só a presença se fazia importante. Lição que aprendi em minha vida adulta.
Voltando a resistência, parece uma tarefa impossível abrir a tampa do chuveiro, que aliás seria a coisa mais importante depois de você comprar a resistência nova. (O que desta vez eu estava preparado)
Então me pego parado e observando junto a meu tio o chuveiro, que aparenta não querer funcionar mesmo após todo o procedimento ter sido feito. Então sem falar uma palavra. Pensei:
Este chuveiro tá tirando!
Então vamos nos desligar o registro de água entender o que caralhos estava acontecendo, após algumas tentativas de acertar o fluxo correto da água, um cano foi quebrado e com sorte esse meu tio tinha um sobrando o que poupou tempo e dinheiro, nesse período de silêncios e alguns palavrões o chuveiro foi arrumado mesmo que não esquente tão bem como deveria.
Após ele ir embora lembrei de quando era pequeno ele me dava dinheiro para comprar pão, molho e salsicha e me gabava por comer 10 pães até ficar cheio, enfim infância!
Ps. Talvez tenha exagerado na quantidade na dos pães, mas afinal nostalgia não seria isso? Um aumento dos fatos para que suas conexões neurais te deixem feliz e saudosista com uma época que não volta mais.
Edvaldo Ferreira
Criador do Palavras Brutas, escritor amador de ocasião, sem formação acadêmica, em busca de entender o que sinto através da palavras, ou se não, em busca da jornada constante de autoconhecimento e afeto próprio. Fascinado com cinema e música.
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