A bolinha branca no meio da tela e de notificação, "gostaria de pedir desculpas a todos que machuquei".
Minhas mãos que antes iam comprar um livro qualquer por impulso começam a tremer e a respiração acompanha os batimentos cada vez mais rápidos do coração.
Mando uma mensagem de resposta e recebo um pedido: "peça desculpas a ela por mim".
Senti que o mundo estava prestes a ficar mais obscuro e ao mesmo tempo o tamanho da responsabilidade que tinha em minhas costas e que sabia que não seria capaz de lidar.
Ligar para a polícia? Não! Eles iriam demorar muito, ligo pra mãe de um amigo desesperado que me coloca em contato com a mãe de quem me fez o imenso pedido.
Ela checa e me passa o relato, um remédio que deveria ser tomado uma vez por dia foi adiantado e não sou médico, mas acho que quarenta unidades de uma só vez não teriam um final feliz.
Esbaforido chego, arrumo o transporte já que a ambulância demoraria de trinta a quarenta minutos, que definitivamente não era uma hora que poderíamos esperar.
Abro a porta do carro e escuto "não adianta nada, eu vou fazer de novo". Não respondi nada.
No trajeto, um silêncio ensurdecedor. Chegamos a uma avenida que passamos tão rápido que pensei comigo, nunca tinha conseguido passar por todos os sinais verdes de uma vez só.
Ao chegar no hospital, percebi que tinha de alguma forma me envolvido de uma forma que não conseguia mais compreender os espaços dos quais eu deveria pertencer.
Algo ali morreu, e felizmente não foi o requerente.
Disso tudo, fico pensando, será que algum dia eu consigo passar por todos os sinais verdes? Uma rota tranquila.
Edvaldo Ferreira
Criador do Palavras Brutas, escritor amador de ocasião, sem formação acadêmica, em busca de entender o que sinto através da palavras, ou se não, em busca da jornada constante de autoconhecimento e afeto próprio. Fascinado com cinema e música.
Futuro agitador cultural.
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