19/08/2020
A morte tem um jeito engraçado de agir. Um dia tive um diálogo com ela, e sim a visão feminina é mais correta por motivos que não precisamos discutir.
Ela me disse que haviam várias formas de morrer. Até aquele momento eu nunca tinha cogitado a ideia de morrer.
Então certo dia enquanto assisto um filme com um amigo, o celular me diz as palavras mais cruéis. Nunca soube ao certo como agir. Depois de bater meu carro e ir jogar bola, novamente ele, meu algoz, cruel e impassível aos meus sentimentos, vem, e antes a faca que ele havia enfiado em mim começa a girar, causando a dor mais insuportável que passei na vida. Quando você se recolhe aos seus abrigos em busca de conforto, o conforto te dá um tapa na cara e diz: “nunca imaginei isso acontecendo com você, o cara mais responsável que conheço”. Até hoje não consigo descrever quão inúteis foram essas palavras.
Passa o tempo, e o que te sobra além da faca inserida e girando lentamente em seu peito, é sua própria covardia de gerar elos. Um sábio uma vez disse uma frase que não lhe pertencia “a ignorância é uma benção”. Essas foram ótimas palavras para assegurar que a sua covardia continue segura e confirmando que ela continua confortável abrigando seu ser.
O algoz, uma vez segundo esse que vos fala, aparece em uma sequência de nove números, que simbolizavam que suas mãos tremiam, sua voz travava e suas lágrimas, tímidas, corriam. O mesmo que antes havia te esfaqueado sem o menor pudor, hoje te remove a faca e diz: essa cicatriz você carregará para sempre.
Eu... quer dizer... o sujeito desse texto, se pega em 29 minutos de choro e balbuciando palavras do tipo: “deveria ter dado mais de mim”. Entre dores, traumas e noites sem sono, o que te resta e imaginar que a vida continua o seu fluxo e que o mundo não te deve nada.
A morte me disse que havia várias formas de morrer, uma delas se da pela interrupção por motivos de segurança e preservação a outra vida que esta terra habita, mas só de ouvir meu algoz dizendo que havia se apaixonado novamente, e que mostra que, sim, a morte é implacável, mas ainda assim a vida vale a pena ser vivida.
Edvaldo Ferreira
Cocriador do Palavras Brutas, escritor amador de ocasião, sem formação acadêmica, em busca de entender o que sinto através da palavras, ou se não, em busca da jornada constante de autoconhecimento e afeto próprio , fascinado com cinema e música, e não apoia o uso de tabaco!
Tenho duas crônicas sobre a morte. Depois vou enviar para você colocar no blog. Abraço
Na busca do recomeço...
Sempre podemos recomeçar.
Que dera se todos tivessem a coragem desse escrito.