O que dizer sobre esse ano? Que mal chegou e já deixou seu adeus.
De forma inesperada e surpreende, foi um ano bom. Tive a sorte de não perder ninguém para esse vírus destruidor, estar empregado num momento de tanta instabilidade financeira. É para surpresa de alguns, estar num relacionamento após tantas tentativas de encaixe em peças que não cabiam. O que de verdade isso diz sobre o ano, tem e ao mesmo não tem a ver com esse ano. São as palavras!
Elas sempre estiveram ali, talvez de maneira informal em textos falando como o mundo não me compreendia e quanto me sentia diferente de tudo, uma constante busca por um espaço sem saber o motivo ou o espaço a ser ocupado. O tempo foi seguindo seu fluxo implacável e eu, me afastando das palavras.
Até que encontrei a música, aquela linda e sedutora forma de trazer o que não é dito. Daí vem o violão, depois a guitarra e depois o clássico dos jovens dos anos 90, uma banda de garagem que inicialmente tocava num quarto. Não sei se cabe agora um pedido de desculpas, mas admito que não prestava atenção nas letras. Mas uma coisa que era inegável era o sentimento traduzido em frequências sonoras várias vezes desafinadas, mas com a melhor das intenções sempre. Hoje eu percebo o quanto aquilo era um transe, um culto, uma congregação em torno de sentir algo. É quando acontecia era incrível. Peço perdão por esse desvio, voltemos a programação normal após o intervalo.
As palavras, enfim elas voltam. Nunca soube o motivo, talvez a falta de me expressar, botar pra fora o que sinto. Elas vieram de uma forma nada positiva, estava tendo uma crise de raiva e ansiedade e o pensamento de que ainda tinha feridas abertas que não haviam sido cicatrizadas. Tremendo e pensando o quanto me sentia desperdiçado profissionalmente elas vieram, as palavras. Sem pedirem licença ou respeitarem a gramática. Me tomaram como uma possessão é eu somente respeitei e deixei fluir. É como elas fluíram! Um cano entupido que flui e após aberto, não se fechou mais.
Talvez esse relato não seja legal pra quem não escreve ou se sente inserido no mundo artisticamente, mas acredite isso é para todos sem exceção.
Eu após essa descarga de emoções, mandei o que texto puro, sem corrigir ortografia nem concordância para alguns amigos, e nessa descoberta descobri que o Caio, um amigo que conheci através de outro tbm compartilhava comigo algo importante, as palavras. Ele me mandava o que escrevia e eu fazia o mesmo. E amigos, não levem a mal não cita-los agora, mas o Caio tem um protagonismo importante para esse que hoje e conhecido como o blog Palavras Brutas.
Conversamos pra caralho e partilhamos nossas vivências e disso veio a ideia de um diário on-line, em pleno século das legendas de fotos em praia ou de comidas com mensagens edificantes. Nós trazíamos sentimentos obscuros não como uma forma de engrandecimento ou ego é sim o contrário disso. Queríamos a morte do ego é a vinda da humanidade há tempos longe de nossas existências.
A sensação de escrever e algo indescritível, me sinto gigante quando faço jogos de palavras inteligentes, mas aquelas palavras que são tímidas são as que mais me dão orgulho, quando falo de mim mesmo não falando de mim.
O blog já preparado em janeiro, com o belíssimo design do Caio, nasceu. E como seu primeiro filho achei justo publicar a primeira coisa que escrevi. O conto "sem título" trazia uma situação de perda materna da qual passei que hoje me recuperei, mas que sua marca continua comigo em forma de cicatriz emocional, logo após na outra semana, veio "O farol" um lindo e emocional relato do Caio sobre sua vida em um relacionamento passado (pelo menos na minha interpretação).
Agora vamos aos mais clássicos agradecimentos a todos que colaboram com essa empreitada e ajudaram a construir uma historia linda.
Caio Sergio, um amigo de alma sensível e uma missão importante em sua vida, a autodescoberta. Com sua empolgação em projetos malucos comprou a ideia e mesmo sem sabermos como seria, colocamos a cara a tapa e seguimos com a missão, nossos caminhos se separaram por motivos da vida, mas saiba que o considero um grande amigo e sempre torcendo pelo sucesso da sua caminhada.
Mari Garcia, o que dizer sobre ela?! Uma mulher pragmática e de base intelectual forte, talvez oposto ao que levo minha vida, mas definitivamente uma pessoa da qual a companhia nunca será em vão. Ela é amante obsessiva da musica assim como eu, e esse talvez seja o que nós uniu numa amizade sempre pautada em longas conversas sobre a vida, sociedade e afins. Não se enganem, pois ainda ouvirão falar muito sobre ela, por que ela tem o que o artista mais precisa, a inquietação.
Caio Resende, ou apenas um homem cansado a procura de um abrigo. Junto a amigos de bairro, ele entra nesse panteão de mais de 10 anos de amizade, sim e muito tempo. Um pequeno espaço para pessoalidades, eu o conheci de uma forma muito inusitada e honesta, ouvi um barulho de bateria e guitarra e como um amante de música e junto de um amigo mais corajoso que eu, simplesmente batemos no portão para descobrir um dos melhores amigos que tenho orgulho de dizer, alguém talentoso e que depois montamos a famigerada M@ardou. Hoje em dia pode não parecer muito, mas só de termos entrado num estúdio acreditando em nós seria o maior gesto rebeldia possível, meu grande amigo, um punk aposentado, apaixonado pelo Nietzsche. Sempre aplicava grandes ideias a uma das almas que considero mais puras, numa categoria de pessoas que não conheço alguém que não goste dele. Suas palavras acrescentam ao blog assim como sua amizade me acrescenta á vida, saiba que tem minha eterna admiração e respeito.
Felipe Lacerda, um dos melhores escritores que conheço, sem sombra de duvida. Conheci suas palavras através seu companheiro (beijão na alma migo, se estiver lendo isso). E de cara fui arrebatado, pois estava acostumado a ver as pessoalidades em poemas ou historias, mas com ele e diferente. Suas colunas são tão preciosas (alô jornais, tão perdendo um talento), que quem o conhece sabe quem ele está ali! Como uma entidade viva. Pra ele fiz um convite especial. Dentro de um blog de poesias e vozes aflitas, abri um espaço para que ele falasse sobre o que tivesse vontade. A coluna mundo real vinha acida e necessária aos momentos que vivemos. Mas esse exemplar de ser humano de coração gigante e apaixonado pelos sobrinhos e sobrinhas escreve até perder de vista e como multitarefas que é, conduz um podcast politico que sempre em nossas cervejadas o cobro para continuar. Enfim, te admiro muito amigo.
Anônimo(a), faço de minhas palavras em sua descrição as palavras de homenagem. "Acidez, onirismo e cru! Esses adjetivos definem nosso(a) escritor(a), um sonho, um desejo e a sensação de que todas as correntes da mente devem ser quebradas, assim libertando essa alma de sofrimento e tesão, ambos em constante batalha em busca de algo que está além da compreensão.
Marcia Araújo, informalmente a considero minha mentora. Uma mulher que ainda não tive o prazer de conhecer pessoalmente, mas seria uma mentira se eu não disse que me sinto abraçado e acolhido por ela. Por indicação de um dos amigos daquela prateleira de pessoas que não conheço alguém que não goste dele (salve Derick Tião). Me disse em uma conversa de forma inocente que conhecia uma poetisa e havia falado de mim para ela, após troca de números, apaixonado! Uma mulher fantástica e articulada com lindas palavras e que por seu intermédio conheci vários outros escritores. Assim como um dos melhores momentos da minha vida, quando tive meus textos lidos por outras pessoas em minha homenagem, confesso que lagrimas de felicidade correram. Talvez você não saiba, mas e de fato um dos pilares da minha inspiração, não nas letras, mas na vontade de aglutinar artistas e criar movimentos artísticos ousados.
Rogério Salgado, uma agradável surpresa, que me tomou de assalto assim que tomei conhecimento da dimensão que uma junção de amigos alçando voos de primeiríssima classe. Graças a Marcia acima citada, fui apresentado as palavras incríveis de um artista sem mas. Alguém que vive do sonho. Alguém que admiro e fico sem graça toda vez que troco e-mails ou mensagens pensado "como é incrível e singular o que estou vivendo". Minha eterna gratidão ao senhor (e sei que não vai gostar de chama-lo assim, mas vale pelo sorriso que fico enquanto escrevo).
Helena Richthofen, a famosa Helenitos, que por coincidência, só conheci anos depois. É uma maquina de escrever humana, brincadeiras a parte ela também tem um blog incrível que trás suas palavras brutas a sua maneira, e mesmo seu blog sendo mais antigo ela deu o privilegio de ter sua palavras publicas nesse blog. Com uma caneta pessoal e interessante espero ter suas palavras nesse humilde blog novamente.
Josias Santos, meu amigo, coprodutor do podcast Copo Sujo. Um cinéfilo inveterado assim como eu, que por acidente descobri que escrevia. Então enchi o saco dele para que jogasse ao mundo suas palavras, e assim ele o fez é pasmem. E maravilhoso, continue sempre pela arte.
Arlene Paula de Paiva, uma poetisa amazonense, que pouco conheço, mas terá meu carinho eterno por ter homenageado este blog com o poema Palavras Brutas. Meu obrigado eterno.
Bruno Sampaio, poeta e o mais importante, cruzeirense! Amigo do Caio Resende, provavelmente um fan da M@rdou (assim espero haha). Nós agraciou com seu poema sarcástico e belo.
Cláudio Hermínio, um poeta e cronista que gostaria de chamar de amigo, alguém que por intermédio de Marcia Araújo, que também me arrebatou com seus textos, sempre íntimos e profundos. Alguém que mesmo sem perceber ele faz uma das coisas que mais aquece o coração quando me manda seus textos para que eu tenha o privilegio de publica-los no blog, deixo aqui meu carinho eterno.
Rafael Assis, escritor poeta e resenhista, e a sua descrição simplificada no blog. Mas na minha ótica, e muito além disso. O que ele significa para mim é resistência. Sua agenda em lutar para ser o artista que podemos ser e o mais importante, o reconhecimento! Jamais poderei afirmar que chegaremos lá, mas de forma honesta, jamais desistiremos.
Willian Ferreira, Ator, dançarino. Alguém que me conheceu através de um curta metragem que atuei e dirigi, entrou em contato comigo e me apresentou uma vertente artística que não conhecia, a do lutador. Continue lutando e correndo atrás do sonho, pois saiba que estou na torcida e continuarei nessa luta.
Jess Nunes, Poetisa mineira em São Paulo. Que nos agraciou com suas lindas palavras e todos aqui estão na torcida para que suas palavras retornem a esse blog. Um grande abraço querida.
Mary Jane, Poetisa maravilhosa, qualquer elogio aqui seria pouco pra tanto talento.
Sidney Pardim, Poeta maravilhoso, que com o seu inicio nesse blog espero que gere frutos e mais de suas palavras.
Dando os devidos agradecimentos a todos(as) que contribuíram para esse ano do blog, gostaria de ressaltar quanto as palavras mesmo que nem tão brutas as vezes, elas me salvam a vida. No momento que escrevo me encontro pra baixo. Mas mesmo nessa situação as palavras não saem mais do meu ser.
Elas me tornam humano, sensível, capaz de pensar e trazer aquilo que vejo e misturar com o que sinto.
Dizer que isso são para as pessoas seria muito bonito, mas nunca foi pelas pessoas. Mas as pessoas que me dão o privilégio de lerem minhas ou qualquer outras palavras publicadas nesse blog. Saiba que amo cada um de vocês por mesmo sem mensurar, salvam a arte da morte.
E para parafrasear o um rapper que gosto:
"A arte mata a morte".
Obrigado a todos(as) e que 2022 será incrível com a ajuda de cada um de vocês nessa busca de nossa humanidade perdida.
Edvaldo Ferreira
Criador do Palavras Brutas, escritor amador de ocasião, sem formação acadêmica, em busca de entender o que sinto através da palavras, ou se não, em busca da jornada constante de autoconhecimento e afeto próprio. Fascinado com cinema e música.
Ao ler suas palavras amigo, o que me veio à mente é brincadeira.
A arte a cada dia se revela como uma brincadeira pelo seu modo lúdico em dar luz ao sentimentos atemporais e nessa restauração nos sentimos vivos novamente.
Talvez os grandes filósofos tenham tido a chave de que a arte tem seu aspecto curativo pois ela traz a felicidade da festa! Festa esta que muitas vezes chega de maneira repentina no coração após aquela sessão de expurgo na purificação dos sentimentos.
Venho aqui agradecer imensamente pela honra do seu convite que me revelou como um passo a coragem de me externalizar de maneira tão bela.
Você entrou na minha vida de maneira tão singela que me marca até…
Que amor! A delicadeza de escrever palavras para cada um que passou por aqui é de uma brutalidade de afeto que conheço em poucos. Me encontro nesse pensamento de palavra que é bruta, pq palavra pra mim é cura e cura é radical demais nesses tempos de doença. Muito obrigada pelo convite, até os próximos!